A automutilação começa na adolescência, entre os 13 e 14 anos, é mais comum em mulheres e pode estar associada a maior influência das redes sociais no comportamento dos jovens. A sigla ASIS (automutilação sem ideação suicida) corresponde ao comportamento intencional de agressão ao próprio corpo, não socialmente aceito na cultura do indivíduo e, a princípio, sem intenção de suicídio. O jovem apresenta um padrão repetitivo de se machucar, seja se cortando, provocando queimaduras e arranhões e causando danos corporais importantes.
É fundamental diferenciar de outros comportamentos que causam lesões mas não são considerados ASIS, tais como skin picking, tricotilomania, não cuidar de doenças clínicas, uso abusivo de álcool e drogas, ou em pacientes com autismo, psicoses e déficits cognitivos graves, para que se possa conduzir a abordagem terapêutica adequada.
A intenção de se automutilar pode ser pela busca de alívio para sentimentos negativos e da sensação de vazio, por autopunição ou de atenção, como um pedido de socorro. Cada caso deve ser avaliado cuidadosamente porque pode ser também uma tentativa de aliviar pensamentos suicidas.
Os estudos atuais apontam para uma forte relação com transtornos mentais como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) , transtorno de controle do impulso, transtorno de estresse pós traumático (TEPT), transtornos alimentares e transtornos de personalidade. Os tratamentos devem focar também nessas comorbidades. Estão indicadas medicações antidepressivas, topiramato, naltrexona, oxcarbamazepina e antipsicóticos atípicos associados à psicoterapia.