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O dilema dos pais nas redes sociais

É assustador a quantidade de tempo que os jovens passam com gadgets eletrônicos, estima-se que cerca de 90% de crianças e jovens dos  9 a 17 anos sejam usuários da internet, numa época de amplo acesso especialmente através de celulares. 

 A Sociedade Brasileira de Pediatria sugere que os pais limitem o tempo de uso ao máximo de duas horas por dia, em crianças de 6 a 10 anos e duas a três horas por dia para adolescentes dos 11 aos 18 anos, mas sabe-se que a imposição desses limites tornou-se ainda mais difícil durante a pandemia, quando as atividades escolares vêm sendo realizadas on-line. 

Diante dessa nova realidade, observamos entre esses jovens, o aumento de casos de ansiedade, depressão, baixo rendimento escolar, exposição à cyberbullying, assédio sexual, dependência às redes e jogos, automutilação e suicídio. 

Lançado em setembro de 2020, o filme O dilema das Redes denuncia a forma como as redes sociais manipulam a sociedade usando algoritmos capazes de capturar os indivíduos, especialmente os mais jovens,  através de suas preferências, medos e tendências, com a finalidade de monetizar ao máximo. 

A questão que se coloca é como utilizar  a internet a nosso favor? Como resgatar os filhos  das armadilhas das redes sociais cada vez mais sedutoras e viciantes?

Me parece que chegamos ao ponto da necessidade de  reflexão sobre quais valores realmente importam nas relações entre pais e filhos e entre indivíduos e sociedade como um todo. As redes sociais tornaram-se vitrines de casos de sucesso, busca por alta performance e padrões de beleza cada vez mais irreais, porém alinhados a comportamentos altamente egóicos,  egocêntricos, individualistas e competitivos de grande parte da sociedade, que acredita ser esse o caminho para a felicidade. 

Nesse ambiente, a “falta de tempo”, a impaciência e a ausência de diálogo vêm impondo barreiras enormes entre pais e filhos. As próprias frustrações e dificuldades para realização pessoal dos pais, nessa época de incertezas contribuem para que objetos de entretenimento usados por toda família, sirvam a um distanciamento providencial entre pais e filhos,  muitas vezes desejável por ambas as partes.

Antes que nos tornemos meros escravos digitais, talvez seja a hora de começarmos a encarar e integrar nossas reais fraquezas, limitações, imperfeições e diversidades dentro de casa e dentro de cada um de nós. Talvez seja a hora de começarmos a cultivar o respeito, a empatia, a aceitação dentro de casa e dentro de nós. Talvez não haja mais tempo para competições inúteis, comparações improdutivas, arbitrariedades, ilusões de poder e de superioridade. Talvez seja o tempo de valorizarmos pequenos gestos, doces palavras e valores consistentes como solidariedade,   amor ao outro e respeito ao meio ambiente.

Só dessa forma, não haverá mais a necessidade fantasiosa de likes, curtidas, aplausos, elogios, apenas compartilhamento de saberes, afetos e cuidados. 

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