Os transtornos mentais estão fortemente ligados às relações abusivas. A Minissérie Maid, da Netflix, vem fazendo muito sucesso mundo afora e aborda essas questões de forma dramática. Estrelada por Margaret Qualey (Alex) e Andie McWoguell (mãe), conta o drama da jovem Alex, filha de mãe bipolar e pai ausente, e que tenta sair do relacionamento tóxico com o namorado alcóolatra, com quem tem uma filha de dois anos.
A sensação que se tem durante vários episódios, é de se estar acompanhando a fuga desesperada de uma mulher através de um labirinto sem saída. As possibilidades restritas de identificar a dimensão tóxica do relacionamento com o companheiro e de sair dele, refletem o desamparo vivido durante a infância da jovem no convívio igualmente tóxico com a mãe bipolar (sem tratamento), instável, imprevisível e egoísta, reforçado pela ausência do pai que abandonou a família por não tolerar os altos e baixos da esposa.
Nem toda mãe bipolar provoca esse mesmo dano na vida dos filhos, mas essa conjunção de fatores mostrada no seriado, parece ter tido um peso bem grande. O Transtorno Bipolar se caracteriza por uma oscilação importante do humor que varia de um pólo depressivo leve a grave, ao estado de exaltação e “euforia”, portanto há fases em que a pessoa está completamente sem energia, lentificada, sentindo uma tristeza profunda, às vezes querendo morrer, e períodos em que está super produtiva, alegre, falante e cheia de planos. Se o transtorno for leve ou estiver sendo controlado com tratamento adequado, é possível trabalhar e se relacionar bem, porém, se o transtorno for mais grave e sem tratamento, haverá um impacto negativo em todas as esferas da vida do indivíduo e daqueles à sua volta.
Maid revela de forma angustiante como a falta de suporte familiar, devido à doença da mãe e pelo ressentimento que tem do pai; a falta de apoio social; e financeiro, pela maternidade precoce e a baixa qualificação profissional são entraves estabelecidos desde a infância, perpassam a adolescência e se retroalimentam às custas de culpa, medo e desesperança até a idade adulta, levando a uma trajetória extremamente penosa.
A energia tóxica desses relacionamentos abusivos pode impregnar suas “vítimas” durante muitos anos, influenciando seus pensamentos e escolhas, interferindo na sua autoimagem e autoestima. A desintoxicação pode ser longa e dolorosa, contudo é possível e necessária.
E você, o que faria se estivesse no lugar da Alex?